[TRADUÇÃO] “Nós, os Mórmons, devemos jejuar por 24 horas a cada mês. Eu sou terrível nisso”. – Brandon, para o The Guardian.

O vocalista do The Killers sobre crescer em Las Vegas – e a questão espinhosa de beber Cola.

Papai era um homem de produção. Ele operou a seção de produção da Smith Food and Drug, assim como fez seu pai. Se você precisasse de alguém para escolher seus melões, eles eram seus homens. Minha primeira memória vai para a loja e papai me dando uma tâmara e então me dizendo que eu não poderia ter outra.

Eu cresci até os nove em uma pequena casa na extremidade de Las Vegas, com apenas deserto atrás. Eu tinha quatro irmãs mais velhas e um irmão mais velho. Mamãe, para que ela pudesse estar conosco, cuidou dos filhos de outras pessoas como trabalho, então havia crianças em todos os lugares. Ela preparava comida para 10 de nós ao mesmo tempo em que observava a janela da cozinha enquanto fazíamos fortes no deserto. Muitos cachorros quentes, manteiga de amendoim e sanduíches de banana, como Elvis. Lembro-me de ajudar a mamãe a fazer Rice Krispie (cereais da Kellogg’s). Derreta os marshmallows e a manteiga juntos, despeje a solução para os Krispies e o paraíso é ali mesmo.

Há muitas coisas estereotipadas engraçadas sobre nós, os Mórmons, como adorarmos comer Jell-O (marca de gelatina). Muito Jell-O. Nós também temos batatas recheadas para os funerais, que são servidas em nossos funerais e são tão boas – que eles morrem por isso. Nós temos uma coisa chamada A Palavra de Sabedoria, que estipula não consumir álcool, nem drogas, nem café, nem chá. Somos encorajados a jejuar – inclusive sem água – por 24 horas a cada mês e eu sou terrível nisso. É tão difícil fazer isso, mas eu me esforço.

Meus pais se converteram quando eu era jovem. Em algum momento, beber Coca-Cola tornou-se um problema. Não é doutrina, mas culturalmente desaprovada. Pessoalmente, não posso resistir a uma lata. Associo-a em ligação inicial com meu pai. Algumas das minhas memórias mais preciosas é de ser levado em seu caminhão Chevy 46 ou em seu gigante Buick 49 para tomar Coca-Cola.

Foto: Pål Hansen

Quando eu tinha 15 anos, comecei a trabalhar depois da escola e nos fins de semana no Taco Time, em Nephi, Utah. Eu trabalhei no balcão, varrendo o chão e limpando os banheiros. A parte mais laboriosa e perigosa estava em esvaziar sedimentos de gorduras e burrito da fritadeira no final da noite. A fritadeira nunca parecia esfriar. Eu derramaria a gordura e uma névoa surgiria, o que não pude evitar. Sentia como esfregar Mexi-Fries (batata frita levemente temperada) quente na minha cara. Disseram-nos histórias de terror de pessoas que caíram sobre as fritas e queimaram-se severamente.

Mas sempre houve algo me chamando de volta para Las Vegas. Na rampa até a I15 em Nephi, havia um sinal que eu veria todos os dias quando adolescente: “Las Vegas, 6 Horas, 300 milhas”. Então, aos 16 anos, voltei e me mudei com uma tia , uma parente solteira de tempo integral que não tinha muito tempo para preparar refeições para nós, mas sempre fazia um grande hambúrguer para si mesma, todos os dias. Adorava e ainda sinto falta de seu ocasional bolo de cabeça para baixo.

Trabalhei como ajudante de garçom em um sofisticado restaurante no Caesar’s Palace em Las Vegas, limpando mesas e trazendo água, cafés e chás gelados. A única maneira para a qual os ajudantes de garçom eram autorizados para sair para uma pausa, era se eles dissessem: “Eu quero sair para fumar”. Diga: “Eu quero sair e ouvir Hunky Dory por cinco minutos” e eles rirão. Então eu peguei cigarros apenas para ter a pausa para fumar.

Parece que a comida realmente não pertence ao rock’n’roll, de alguma forma. The Cure tem uma música, Friday I’m in Love, que diz: “É uma visão maravilhosa, ver você comer no meio da noite”. E há Drops Of Jupiter, da banda Train, que tem a linha: “Você não pode imaginar nenhum amor, orgulho ou frango frito?”. Quando eu ouço essas músicas, penso: “Oh não, cara”.

Eu agora tenho uma grande placa de néon na minha cozinha que diz “Flowers” e é modelado em torno de uma fonte de flamingo, então isso tem um balanço muito específico para ela. Eu sou bom em fazer torradas francesas e ovos mexidos. Então, eu irei tomar uma Coca-Cola.

Após a ressurreição, pensamos que pode haver comida. Eu não tenho uma resposta Mórmon definitiva, mas o que sabemos é que, quando Cristo visitou os apóstolos como um ser ressuscitado, ele comeu peixe, penso eu. Então não consigo imaginar não ter comida após a morte, porque a comida traz tanta alegria para nossas vidas.

Wonderful Wonderful já saiu. Eles visitam o Reino Unido a partir de 6 de novembro.

Fonte: The Guardian

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